Todos nós estamos propensos em algum momento da vida a procurar como como superar a depressão, crise de ansiedade, doença do pânico e dentre outras dificuldades.
Infelizmente, por vivermos em uma era em que as coisas mudam muito rapidamente e sofremos com um grande acúmulo de informações, suportar tudo isso torna-se uma tarefa difícil para a mente humana. Desta forma, é comum em nossa geração ver pessoas enfrentando uma depressão.
Além disso, estamos mais solitários do que nunca, entretidos com a nossa tecnologia que basicamente substitui o contato humano. Também vivemos de aparência, comparando nossas vidas com as que são exibidas nas redes sociais, sem se dar conta no quão superficial elas são.
E esses são apenas alguns pontos que vão acumulando dentro de nós, se transformando em sentimentos que não sabemos lidar. Não estou dizendo que nossos antepassados não sofriam dessas doenças, pelo contrário, eles sofriam, porém, não tinham o entendimento que temos hoje, fazendo com que vivessem assim a vida inteira ou, até mesmo, a interrompesse antes da hora.
A boa notícia é que hoje temos a chance de buscar ajuda e nos curar, tendo uma vida feliz e saudável. Em alguns casos precisamos de tratamento e em outros podemos resolver aos poucos, tudo varia de pessoa para pessoa.
Se você leu o título, sabe que já tive de encontrar como superar a depressão. Ela aconteceu na minha fase dos 17 aos 19 anos mais ou menos, bem quando estava entrando na vida adulta. E nesse texto vou contar um pouquinho do meu processo de recuperação.
Sim, vou falar de mim para quem sabe, ajudar você.
Eu diria que enfrentei um nível leve de depressão e saí dela de repente. Foi o que pareceu, mas com certeza houve um processo de reflexão no qual eu não me dei conta, ela durou um pouco mais de 2 anos.
Na época eu não sabia o que estava acontecendo, somente anos depois compreendi que realmente enfrentei uma depressão. A doença é tão silenciosa que existem alguns fatos que simplesmente não me lembro. Me recordo apenas de chorar muito e sentir tristeza pelo simples fato de existir. Eu não tinha força de vontade para me arrumar, nem para realizar tarefas simples, como combinar quais roupas vestir. Eu não queria sair e ver meus amigos, tinha tanta vergonha, que era como seu não os conhecesse. Eu também fiquei mais desatenta, não conseguia realizar tarefas simples, o que me deixava ainda mais frustrada e me fazia desistir aos poucos de tudo.
Mas eu saí dessa. Pareceu que foi de repente, mas com certeza não foi. Sempre existia alguma voz dentro de mim que gritava para eu reagir. Às vezes eu ouvia, outras vezes não. Meus pais também sempre aconselhavam e tentavam me ajudar na medida do possível. E assim, com um passinho de cada vez eu fui me recuperando e voltando a ser quem eu era.
Eu não posso te dar uma fórmula ou dizer passo a passo do que precisa fazer. Mas posso dizer algumas das coisas que funcionaram comigo. Vale lembrar, que nenhuma pessoa é igual, pois cada um tem um universo dentro si, no qual cabe a própria pessoa explorar.
Agora, vamos as dicas. Confira:
1. Espiritualidade e Fé
Independente de religião ou crença, acredito que todos nós temos algo em que acreditamos e que nos conecta com tudo o que importa. Se não temos é porque precisamos buscar.
Eu sou espírita desde pequena e foi isso que me ajudou a sair dessa. Mas, apesar de ir todas as semanas ao centro espírita, só me senti verdadeiramente conectada quando realmente precisei.
Essa é uma jornada que precisamos descobrir sozinhos. Se você não segue nenhuma religião ou não acredita em nada, pense no que realmente lhe traz paz interior. Você pode se conectar por meditação, adoração, contato com a natureza, o que for, você só precisa descobrir. Quando sentir que as coisas fazem sentido e dentro de você está em paz, vai entender do que estou falando.
2. Gratidão e seus exercícios
Ao contrário do que vemos por aí, a gratidão não é só uma palavra usada para agradecer. Ela nem deveria ser tão desperdiçada. Gratidão é um exercício, no qual buscamos aceitar tudo o que nos rodeia e agradecer. Ser grato pelo dia, pela família, pelo emprego e até mesmo pela situação ruim que vivemos.
Quando estava em depressão li um exercício numa revista da W.I.T.C.H (alguém lembra?) que me ajudou muito: todos os dias pela manhã escolha três motivos para ser grato.
Pode ser qualquer coisa: Seja pela comida que você gosta será servida no almoço. Seja porque está sol. Seja porque vai ver aquela pessoa que você gosta.
Escolha três coisas diferentes todos os dias.
No começo foi bem difícil para mim, pois eu não me sentia grata por nada. Mas mesmo assim me dediquei e fui a fundo. Algumas vezes era tão complicado encontrar motivos que eu agradecia por coisas óbvias como o fato de ter pernas, abrir os olhos, etc. Porém, com tempo e persistência consegui encontrar novos motivos para agradecer todos os dias. É um bom exercício, pois ajuda a ver o lado bom das coisas.
3. Ignorar opiniões negativas
Este é um dos maiores desafios ao enfrentar a depressão, pois nós mesmos pensamos coisas negativas ao nosso respeito e, quando ouvimos de fora, isso só reforça o que pensamos de nós. Mas em dado momento eu comecei a ignorar o que pensavam sobre mim, mesmo que, no fundo, eu achasse que a pessoa estava certa. Qualquer coisa que dissessem não me fazia a menor diferença. Assim, dentro de mim pude fazer meu trabalho de reconstrução sozinha e entender o que eu tinha de bom e ruim.
Não é fácil, com certeza não. Mas aos poucos eu ia lembrando de ignorar e pensava: “há tantas pessoas ruins, inexperientes e imperfeitas no mundo que parecem que não estão nem aí para o que fazem, então, porque preciso me preocupar com a opinião alheia?” Basta eu ser eu mesma, não é?
Afinal, defeitos todos temos, tanto aqueles que julgam quanto os que são julgados. Por isso, a única pessoa que pode realmente saber o que você tem de ruim, é você mesmo. Ninguém tem o direito de taxar você.
4. Me afastar de quem me fazia mal
Este foi o primeiro grande pontapé que eu dei para afugentar a tristeza. Eu estava em um relacionamento que não me fazia bem e aos pouquinhos fui percebendo isso. Foi um processo demorado, muitos conselhos, muitas e muitas tentativas de término.
E então, num dia qualquer, eu disse: “Não quero mais” e assim fiz. E ao contrário do que acontece quando terminamos um namoro, eu me senti aliviada. Senti como se nada mais me pressionasse, parei de receber julgamentos e de me sentir culpada por tudo. Daí em diante, lutar contra a minha depressão ficou mais fácil.
Portanto, caso você se sinta sufocada e ao mesmo tempo com medo de perder aquela pessoa, reflita se ela realmente te faz bem. E, vá em frente, se afaste. Com o tempo você perceberá que estava com um peso nos pés e achava que era normal viver assim.
Eu sei que nem sempre é fácil e que muitas vezes não temos a opção de nos afastar dessa pessoa tóxica, já que ela pode ser o nosso pai, mãe, irmão, chefe ou amigo. Se este for o seu caso, volte ao tópico 3 e procure ignorar a opinião dessas pessoas.
5. Me cuidar
Nunca fui tão vaidosa. Mas este é meu jeito e como qualquer pessoa tenho minhas minhas preferências e gostos. O que é muito diferente de abrir mão de si mesma, de levantar e pensar “Por que devo me arrumar?” ou “Eu não mereço”. E estas eram justamente as coisas que passavam pela minha cabeça quando eu estava em depressão.
Só quando percebi a importância de cuidar de mim e de como isso poderia me ajudar no processo de cura que passei a fazer algum esforço. Assim, aos pouquinhos passei a me arrumar da forma que gostava mesmo que eu não estivesse muito disposta: arrumar o meu cabelo, usar meus brincos, comprar roupas que gosto de usar, etc.
Isso foi importante para também descobrir o meu próprio gosto e quem eu era. Não sou tão vaidosa e talvez por isso me cobrasse tanto, tentando me comparar às outras mulheres. Mas não sou igual a elas e não há nada de ruim nisso: não ligo para maquiagem, mas gosto das unhas bem feitas, não uso tantos cremes corporais, mas meu cabelo precisa estar impecável e é assim que sou.
É importante se aceitar e entender quem você é. Às vezes nos comparamos com os outros e isso nos frustra ainda mais. Portanto, tente dar um passo de cada vez, se arrume da forma que gosta e comemore pequenas vitórias. Hoje você conseguiu colocar um brinco e se sentiu bonita, amanhã poderá passar aquele perfume que gosta e assim por diante.
6. Bloquear pensamentos negativos
Quando notei o ciclo vicioso de tristeza em que eu me encontrava, comecei a observar mais os meus sentimentos. E passei a não me permitir ficar triste. Afinal, a tristeza é uma âncora, na qual se você a segurar, ela te puxa para baixo. Por isso, toda vez que algum pensamento triste aparecia, eu o espantava ou o revertia em algo mais otimista. Não é fácil e talvez nem recomendado, pois todos os sentimentos existem por uma razão e precisam de tempo para serem sentidos. Mas foi a saída que encontrei na época e só assim pude lidar com esses sentimentos depois.
É claro que você não precisa reprimir seus pensamentos e sentimentos, mas sim, refletir sobre eles. Então, quando uma onda de tristeza te envolver, procure ser racional e reflita: qual o real motivo de eu estar me sentindo assim? Vá a fundo e enfrente, quanto mais explorar mais vai entender a raiz do problema. Às vezes não entender o que estamos sentindo, nos faz entristecer ainda mais.
7. Sol, natureza e ar puro
Já foi comprovado cientificamente que o sol e o contato com a natureza ajudam a repor as energias. Desta forma, uma das melhores coisas a se fazer é visitar parques, viajar ou até mesmo aproveitar o solzinho na calçada. Isso pode te ajudar a se sentir mais revigorada e também distrair um pouco a mente.
É importante também aproveitar para respirar novos ares, pois quando ficamos muito tempo confinados num mesmo ambiente os sintomas da depressão tendem a aparecer e persistirem.
Portanto, se sentir disposta, saia um pouco, ande na rua, vá ao parque ou que for melhor para estar ao ar livre. O ideal também é tomar um banho de sol de pelo menos 20 minutos por dia.
8. Estudar
Neste tópico não falo apenas de meter a cara nos livros, mas sim de buscar aprender algo novo. Eu sempre gostei de estudar, porém, quando estava em depressão comecei a perder o interesse e quando tentava retomar a sensação de fracasso tomava conta de mim.
Com o tempo percebi o quanto é importante aprender coisas novas mesmo que eu tenha dificuldade, pois isso traz benefícios tanto profissionais quanto emocionais.
9. Me aceitar
Que difícil, né? Creio que todo ser humano tem dificuldades para se aceitar, logo, este é um trabalho diário e que nunca acaba. Eu não me achava bonita, não me achava inteligente e, durante a depressão, ganhei alguns quilos e junto com eles a dificuldade para aceitá-los.
Na minha concepção, tudo o que vinha de mim era negativo ou errado. Os outros sempre estavam certos, eram melhores e capazes. Quando me elogiavam, eu achava que estavam mentindo ou que faziam por educação. Mal sabia eu, que quem estava mentindo era eu mesma.
O primeiro passo foi aceitar meu corpo da forma que era. Sim, eu tinha engordado, mas continuava bonita e só precisava me adaptar.
Por último, passei a fazer um esforço para acreditar nos elogios que recebia. Pensava que se a pessoa tirou um tempinho para me elogiar é porque provavelmente era verdade e se não fosse, não importava, o essencial era absorver o que é bom.
10. Passear e descobrir os meus hobbies
Muitas vezes não temos vontade de sair e passear, isso pode acontecer durante uma depressão ou não. Mas uma coisa que posso dizer é: dificilmente me arrependi de ter aceitado um convite, sempre foi uma opção melhor do que ficar em casa.
Afinal, quando saímos conhecemos pessoas novas, vivemos novas experiências e são essas coisas que nos fazem se sentir vivos no fim das contas. É como se nossa vida recomeçasse e todas as coisas que nos fazem se sentir tristes deixam de ter importância. É com esse primeiro passo que descobrimos o que realmente gostamos. Não há outra forma descobrir, apenas experimentando mesmo. Foi a partir daí que peguei o gosto por viajar, por exemplo. Era algo que não me interessava e hoje viajo até sozinha.
Lembrando que é importante respeitar o nosso tempo e ir deixando o medo de lado aos poucos. No começo eu ficava meio contrariada, pensava várias vezes antes de sair de casa, mas quanto mais eu saía, mais eu percebia que o receio era apenas coisa da minha cabeça. É claro que, mais uma vez, se você se sentir desconfortável ao sair, respeite a sua vontade, não se force tanto. Mas se rolar uma dúvida ou despertar um interesse, vale a pena experimentar.
11. Conversar e/ou procurar ajuda
“Será que alguém quer me ouvir?” “E se eu estiver incomodando?” “Há pessoas com problemas maiores que os meus”… Eram coisas que passavam pela minha cabeça e podem passar pela sua também. E, dependendo dos nossos “ouvintes”, esses pensamentos podem ser ainda mais reforçados: você pode encontrar pessoas que parecem querer competir com você em relação a quem sofre mais, ou que só falam de si mesmos, ou até mesmo que menosprezam o que você sente, fazendo parecer que você está exagerando.
Mesmo assim, é importante procurar alguém com quem desabafar. E, ninguém, ninguém mesmo, tem o direito de desmerecer o que você está sentindo. Portanto, se não tiver um bom ouvinte, que realmente se preocupe com você e em ouvir seus problemas, cogite a hipótese de procurar um psicólogo. E mesmo que tenha esse ouvinte, nada impede de procurar o especialista, afinal ele é o profissional mais qualificado para lhe ajudar.
BÔNUS: Um passo de cada vez
Lendo assim, pode parecer que todos os itens acima são fáceis de cumprir, mas não é bem assim. Possa ser que você faça todos, possa ser que só faça alguns ou até mesmo nenhum. O importante é, ao se deparar com essa lista, não se cobrar tanto. Faça o que estiver ao seu alcance e no tempo que precisar. Afinal, esse texto é para te ajudar e não te pressionar ainda mais.
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Pix: mandi_borgato@hotmail.com
Muito bom, difícil é estar junto e se sentir impotente para ajudar, pois este processo de cura é interior e individual.Gostei muito de ler!
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Realmente, é individual. Mas vc ajudou muito, com certeza. Obrigada!
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Importantíssimo o seu texto! Parabéns.
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Obrigada, que ele realmente possa ajudar quem precisa
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