Diário da quarentena: o resumo

A quarentena deve estar sendo dificil para você. Digo isso pois estou passando por isso também. É algo diferente e que, provavelmente, ninguém da nossa geração vivenciou antes.

Tem também, a questão de que o mundo mudou muito nos últimos anos. Uma mudança que já estava saindo de controle pois, querendo ou não, ainda não sabíamos lidar com o crescimento acelerado de tudo. As informações passaram a chegar tão rápido em nossas mãos, que nosso cérebro ficava ocupado até na hora de dormir. A gente praticamente não parava nem para respirar.

Então, de um dia para o outro ficamos em quarentena. Toda aquela massa de coisas ou informações que temos para processar a todo tempo, reduz drasticamente ou some, dependendo do que foi acordado.

Assim, a humanidade precisa reaprender uma série de coisas e aprender novas também. E são coisas tão banais, que nem pensávamos que seria preciso aprender. Como conviver com a sua família e estar o tempo todo com eles. Qual a última vez que você fez isso? Quando era criança? Provavelmente.

Como percebemos semanas atrás, também reaprendemos a observar a natureza. Não estou falando daquele dia no parque ou aquela viagem para o litoral ou interior. Me refiro a um dia comum, um fim de tarde em que você olha para o céu e percebe como está bonito. Sabe bem de que dia estou falando, né? Todo mundo percebeu.

O meu diário da quarentena

Passar por esta quarentena está transformando minha vida. E estou percebendo diferenças a cada dia.

Dormir é difícil. No normal, sou uma pessoa que sente sono apenas quando estou extremamente cansada. Portanto, demoro para pegar no sono agora.

Tenho a sensação de que o tempo está parado. Não posso fazer planos, pensar em um passeio para me distrair ou ver as pessoas que gosto. Dá a impressão que estou congelada.

Mas, por outro lado, tenho feito as coisas com mais calma. Consigo me concentrar melhor em minhas tarefas. Coisas que não fazia antes por falta de tempo, penso agora, porque não? E faço. Isso me fez perceber habilidades que eu nem sabia que tinha.

Nesse ritmo, decidi viver um dia de cada vez e não me cobrar tanto. Não é hora para pensar em nada e a situação não está em meu controle.

Notei que tenho mais interesse em conversar. Não só pelo confinamento, que nos restringe de ver as pessoas, mas também porque não estou tão cansada. Antes fazia de tudo para evitar uma conversa, por estar exausta e com a mente sobrecarregada.

Sim, estou engordando. No começo comi quantas porcarias pudesse aguentar, mas agora prefiro a boa e velha comida caseira e frutas. É como se já tivesse experimentado todas as comidas do mundo e enjoado. Acho que pelo corpo não estar gastando tantas energias como antes, não sinto tanta vontade de comer.

Tenho economizado mais. É incrível como gastamos com besteiras no dia a dia. Isso tem me dado uma visão melhor dos meus planos a longo prazo. Em contrapartida, também estou comprando coisas que evitava, por nunca ter dinheiro ou por achar que não ia usar, como uma mesinha para o notebook, uma esteira de yoga ou um creme para o rosto.

Tenho mais disposição para fazer exercícios. Antes sempre tentava fazer e não fazia, pois estava cansada demais depois do trabalho. Hoje faço e me sinto bem, disposta e relaxada. Sinto que meu corpo realmente está adquirindo resultados, sem dores nas costas ou pescoço.

É claro que sinto falta dos meus familiares, do meu namorado e meus amigos. De algumas pessoas, a saudade chega a doer. Uma saudade que nunca achei que fosse sentir na vida. Por mais que demore anos para ver algumas pessoas, desta vez, parece errado estar impedida de fazer isso. Acho que é a associação de tempo livre e não poder aproveita-lo para ver quem a gente gosta.

Outra coisa que notei, foi meu interesse por jogos de tabuleiro. Antes fazia qualquer coisa para evitar uma partida de xadrez, banco imobiliário e o que quer que fosse. Creio que seja porque: 1) as atividades comuns de lazer se resumem a telas (TV, PC, celular…) e isso me cansa ainda mais, pois já trabalho de frente para um computador o tempo todo. 2) são atividades solitárias, diferente dos jogos convencionais que exigem uma companhia. E nessa pandemia, é o que mais tenho valorizado.

Em todo caso, não tenho achado esse período tão ruim. Percebo que consigo pensar melhor, minhas ideias estão mais organizadas e meus sentimentos também. Parece até que fiz uma faxina mental, que há anos não fazia, mesmo usufruindo de folgas e férias.

Por outro lado, minha memória não está tão boa, analiticamente falando, o raciocínio está mais lento. Para o pessoal do trabalho, isso é ruim, mas para mim tem sido bom. Pois faço tudo com mais atenção e consigo ouvir meus pensamentos, me entender.

Acho que quando falam que nenhum de nós voltará a ser como antes, é verdade. E eu espero que seja mesmo. E que a gente possa se valorizar, se cuidar mais. Assim como, se planejar e dar atenção as nossas vontades.
Cuidar da saúde e se importar com pequenos detalhes da vida.

Afinal, não é para isso que as crises servem? Para prestar atenção em coisas que não notavámos antes e aprender com elas?

Temos que evoluir com essa pandemia. Como profissionais, familiares e pessoa. É nossa obrigação, nosso dever de casa, que espero que todos façam bem.

Este é meu diário da quarentena. Agora quero saber do seu. Como está sendo sua quarentena? Compartilhe comigo!

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3 comentários sobre “Diário da quarentena: o resumo

  1. Pedro Rabello disse:

    Também me dei conta, nesta quarentena, de como eu cumpria algumas tarefas de maneira extremamente rápida e automática. Agora, tenho aproveitado melhor, por exemplo, as refeições: me permito saborear cada garfada, cada gole. Tenho lido mais devagar, me permitindo pausas entre frases e parágrafos para pensar em como o que acabei de ler se conecta com o que já li até ali e com as minhas expectativas para o restante da leitura. Também tenho me permitido ouvir podcasts enquanto pego sol. E tem sido uma experiência bem mais interessante do que quando os ouvia compartilhando a atenção com outras atividades, como cozinhar ou limpar a casa. Acho que uma das lições mais importantes que aprendi nestes tempos de pandemia é que ser uma pessoa multitarefa não é fazer tudo ao mesmo tempo, e sim fazer bem várias coisas, cada uma a seu tempo.

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