Estava estressada, esgotada e tudo me incomodava. A vida já não era mais a mesma, o desgosto era constante, eu já não me sentia útil, sentia que não tinha importância para o mundo e tudo o que eu fazia parecia pouco perante os demais.
Eu não queria mais viver assim, queria mudar, fugir para bem longe e tentar encontrar o que há muito tempo havia perdido: minha autoestima.
E foi o que eu fiz. Fugi na esperança de me encontrar e não avisei ninguém, quem se importasse deveria se acostumar com a minha ausência.
Então viajei. Me enfiei no mundo, desbravando diversos lugares por aí. Todos os lugares que visitei, tinha algo em comum: a natureza, a única que podia ajudar. Eu tinha de me reconectar comigo mesma. Lá eu poderia ser quem sou e me aceitar assim.
Eu andei por florestas, me banhei em cachoeiras, me joguei no mar, nadei pelos rios e usufrui de tudo o que a mãe natureza me dava. Tinha quase tudo que eu queria, me sentia alguém.
Depois de muito caminhar, resolvi ir para o topo das montanhas, tentar entender a vida do alto das colinas. Então eu subi. Escalei durante horas uma enorme montanha, mas sem desistir da minha missão. Sentia que era o que eu realmente precisava, havia algo me chamava.
Chegando ao topo eu vi. Eu vi tudo. Encontrei a mais bela vista que um ser humano poderia ver. Eu observava encantada o céu azul acima de mim, tomando conta de tudo, abaixo, a água cristalina do rio que corria calmo e a minha frente, as montanhas perfeitamente moldadas pela natureza.
Fiquei extasiada e sentada ali vislumbrando toda aquela beleza. Até que percebi o que me faltava. Olhei para o céu e o sol incentivava a minha decisão, olhei para baixo e o rio me chamava, me atraía, uma conexão hipnotizante. Era a hora, tinha que concluir o meu objetivo.
Levantei e me aproximei da beirada, quanto mais avançava, mais eu sabia que era tudo o que eu precisava para me reconectar. Me aproximei da beirada do penhasco, olhei tudo ao meu redor, admirei aquela linda paisagem por mais alguns instantes. Vi a correnteza intensa abaixo de mim e o sol iluminando a minha face.
Era belo, era pleno, era o suficiente. Pela primeira vez em muito tempo eu me senti viva. Estava completa. Estava feliz. Em meio a todos esses sentimentos, fechei meu olhos, ouvindo apenas o som da natureza que me chamava… leve como uma pluma dei um passo a frente, soltei meu corpo…
… E VOEI!