Acordei cedo com o latidos dos cães em meus ouvidos, estavam agitados, pareciam que previam a tragédia que estava prestes a acontecer.
Me levantei e fui ao banheiro, me olhei no espelho, não me reconheci, algo havia mudado. O que esse dia esperava de mim? Era o que eu temia.
Ainda meio sonolenta fui ao meu notebook que havia deixado ligado na noite anterior, olhei as novidades, as fofocas, a vida das pessoas, a vida dele… Não sei o porquê, mas nunca havia me interessado pela vida de alguém antes, isso me mudara.
Após alguns minutos vendo fotos, publicações e me torturando, desliguei o computador farta de tudo aquilo, me levantei bruscamente pronta para sair de casa.
Os cachorros voltaram a latir agitados, tentando me avisar do que estava prestes a acontecer, mas eu não os ouvia, estava disposta a fazer aquilo pela primeira vez, estava confiante de que ele agiria da forma esperada.
Tomei um banho demorado, me arrumei, ao mesmo tempo me preparando psicologicamente para o que iria dizer. Após alguns minutos de reflexão, peguei minha bolsa e fui para a porta, ainda ouvindo o latido dos cachorros, mais desesperados dessa vez, agoniados com alguma coisa.
Sem entender, olhei ao meu redor e nada vi. Quando olhei para o chão, percebi o motivo do desespero, a tal tragédia prevista estava morta e estraçalhada no chão. Me acompanhara durante boa parte de minha vida, mas agora estava gravemente ferido e sem sinal de vida…era o meu orgulho que estava ali.
Levantei minha cabeça, com um singelo sorriso no rosto comemorando o meu luto, abri a porta e fui embora determinada. Estava livre. Era um nova pessoa, com novas atitudes, novas decisões, uma pessoa que em breve abriria o seu coração, sem medo do que viria a acontecer depois.